Junqueira Freire

>> quarta-feira, 16 de março de 2011

 Luís José Junqueira Freire foi um dos poetas que marcaram o romantismo brasileiro. Nascido em Salvador (BA),ingressou, aos 19 anos, na Ordem dos Beneditinos. Permaneceu enclausurado até 1854, quando, atormentado pela falta de vocação, abandonou a vida monástica.






  Seus poemas estão carregados de culpa, revelando uma sexualidade latente e reprimida. Retratam o jovem angustiado e depressivo que se sente incapaz de seguir a vida religiosa e que encontra na morte o seu único escape.
   Embora pertencente ao Romantismo, Junqueira Freire teve, no entanto, uma ligação ainda muito forte com o estilo neoclássico, o que tornou suas poesias carentes de uma fluência mais romântica, ou seja, mais melodiosa, com versos mais livres. Seu estilo mais preso, de caráter mais rígido, não lhe permite expressar todos os seus sentimentos de forma mais solta e intensa.


  Dentre suas principais obras estão elas:

• Soneto
• Temor
• Martírio
• Saudade





Temor


Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olha que a terra
Não sinta o nosso peso


Deitemo-nos aqui. Abre-me os braços.
Escondamo-nos um no seio do outro.
Não há de assim nos avistar a morte,
Ou morreremos juntos.


Não fales muito. Uma palavra basta
Murmurada, em segredo, ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz, - nem um suspiro,
Nem um arfar mais forte.


Fala-me só com o revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à inteligência deles.
Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto,
Somente pra os meus beijos.


Ao gozo, ao gozo, amiga. O chão que pisas
A cada instante te oferece a cova.
Pisemos devagar. Olha que a terra
Não sinta o nosso peso


 A Dualidade Amor/Morte, tão frequente no Romantismo se expressa de forma sutil, com a força das imagens e a simplicidade do vocabulário. 

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